sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Uma liminar, uma vida!

Gabriel tem oito anos e sua mãe está desesperada. Um câncer no intestino obriga o pequeno a passar muitas horas em sessões de quimioterapia. Como o remédio não distingue a doença e os cabelos, ele está careca.

A mãe é assalariada e por mês recebe R$ 1600,00. Não é preciso falar das dificuldades que passa para pagar o tratamento do filho, mas é importante dizer que ela vende trufas, as mais gostosas do bairro, pelo menos ela diz.

Numa sexta-feira qualquer Gabriel teve uma crise. Os medicamentos, tanto para a dor como aqueles que fariam efeito contra a doença, ficariam três vezes mais caros que o rendimento mensal da mãe.

O médico orientou e a mãe, que já não via a diferença entre maços e pacotes de cigarros, procurou uma advogada. Não foi preciso muita conversa para a jurista pedir que o Estado pagasse o medicamento. Ao final daquele dia a liminar foi dada.

Sem muitos exageros, a vida do menino agora estava nas mãos do oficial de justiça, que precisava chegar à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na Av. Doutor Enéas Aguiar, antes do final do expediente. Do Fórum Pedro Lessa até à Secretaria são poucos 3,2 km, mas foram desesperadores.

Ao chegar, o portão está trancado. O oficial sente a liminar se transformando num papel vazio, desprovido de sentido. Mas convence o guarda para que o deixe entrar e encontrar um responsável. A decisão está encaminhada. O oficial não sabe, mas a mãe do Gabriel sorriu muito.

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